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A dificuldade de manter o esporte em meio a pandemia.

Em meio ao caos da pandemia, a dificuldade de manter viva a esperança das crianças.

Por Lisandra Fonseca Franco RGM 23356901

O retrato financeiro da pandemia e a dificuldade de manter o projeto que alimenta o sonho e a esperança de crianças carentes em Venâncio Aires, Rio Grande do Sul.

Em Venâncio Aires, interior do Rio Grande do Sul, o esporte é muito admirado e praticado na comunidade, principalmente o conhecido futsal. Grande parte da cidade participa de campeonatos amadores e realizam uma série de preparações para alcançar o primeiro lugar. Mas, este retrato mudou em fevereiro de 2020, o vírus COVID -19 chegou na cidade, os jogos foram suspensos e as arquibancadas ficaram vazias. Selomar Davis, o Selo, como é conhecido, é fundador de um projeto que beneficia crianças carentes em seu bairro na zona periférica da cidade. A ONG Selo R17 é um projeto sem fins lucrativos, que tem como propósito oportunizar momentos de lazer e educação, através do esporte, a ONG atua com crianças de diferentes categorias, dos 5 anos até os 14 anos de idade  e vem enfrentando dificuldades para manter o projeto.

Quando o projeto iniciou e qual foi sua motivação?
A Escolinha existe há 15 anos, na época eu jogava futsal amador, nasci e cresci em um bairro muito pobre da cidade, não tive incentivo, então sentia que precisava fazer algo pelas crianças do meu bairro, principalmente pelo meu filho e meu sobrinho que também tinham o sonho de toda criança, ser jogador. Então, eu e meu irmão fundamos a escolinha, no início era um projeto pequeno, 11 crianças, incluindo nossos filhos, nossos treinos era no campo aberto que ficava ao lado da escola.

Qual o significado do nome?
O nome da escolinha carrega uma homenagem muito grande e hoje representa muito mais que uma escolinha de futsal. Em 2017, perdi meu filho de apenas 17 anos, ele que havia sido a motivação do projeto partiu muito cedo, já estava jogando profissionalmente, mas creio que foi o propósito de Deus e ele cumpriu seu papel aqui. Por isso o nome, ONG Selo R17, o R de Ronaldo que era seu nome e 17 o número de sua camisa, mantive o Selo no nome, pois foi assim que ficamos conhecidos, como Escolinha do Selo.

Quantas crianças participam do projeto?
Hoje, temos cerca de 50 crianças ativas no projeto, mas em todos esses anos já atendemos mais de 200 crianças de diferentes idades e categorias. No início eram somente crianças do meu bairro e do bairro ao lado (Coronel Brito), que são os bairros mais carentes da cidade, depois fomos crescendo e atingindo crianças do interior e de outros bairros.

Como a ONG é mantida financeiramente? Existe algum valor de mensalidade?

Bom, esse é o ponto mais delicado do nosso projeto, pois dependemos 100% de apoio financeiro de outros, por tratar-se de um projeto voltado principalmente a crianças carentes e por ser um projeto sem fins lucrativos, não cobramos nenhum tipo de mensalidade. Antes da pandemia, tínhamos muitos patrocinadores e frequentemente realizávamos torneios que arrecadavam fundos para a escolinha, mas com a suspensão das atividades, faz mais de um ano que não realizamos torneio e alguns patrocinadores suspenderam o patrocínio. Atualmente, o que temos feito é rifas entre os pais, muitos ajudam a vender. O projeto não pode acabar, pois muitas dessas crianças crescem em ambientes violentos e sem perspectiva de vida, a escolinha é um norte, claro que nem toda criança vira atleta, mas muitos desenvolvem habilidades de comunicação e aprendem a conviver em grupo desde pequenos, o esporte é muito mais que do que se enxerga nas quadras, ele tem valores muito importantes e que ajudam a construir uma comunidade melhor.

Selo destaca que quem quiser realizar doações e ajudar a ONG nesse momento difícil, pode entrar em contato pelo telefone (51) 99655-5702 ou pessoalmente no Ginásio de Esportes do bairro Coronel Brito.

Na foto, Patrícia mãe de atleta e colaboradora do projeto, recebendo doações de cestas de Páscoas para as crianças (Arquivo pessoal).
Na foto, Selo recebendo doações do Corpo de Bombeiros de Venâncio Aires (Arquivo pessoal).
Início do projeto em 2006 (Arquivo pessoal).
Na foto, homenagem à Ronaldo Davis com suas conquistas (Arquivo pessoal). 
A dificuldade de manter o esporte em meio a pandemia.
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